sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pais modernos e amantes da liberdade ou pais omissos?

Muitas famílias balisam suas ações de forma permissiva, colocando-se como modernos e amantes da liberdade. Em grande parte, dessa atitude, conforme depoimentos veiculados advêm as altas taxas de gravidez entre meninas de doze a dezesseis anos, como cita Lya Luft: reflexo “do sexo triste ao qual são coagidos pré-adolescentes”, bem como vícios em álcool e outras drogas lícitas e ilícitas.
Os pais confusos pela pressão de uma sociedade que ignora valores e deprecia o termo pudor evitam a presença constante junto a seus filhos, justo num momento em que esses meninos e meninas passam por profundas e intensas mudanças corporais psíquicas e sociais, deixando-os sem referências de vida.
Na adolescência – não são adultos, nem crianças, são sujeitos que se sentem sozinhos, abandonados em seus turbilhões de contradições, enfrentando a perda de seus corpos infantis, em busca de suas identidades, conquistando um novo espaço num processo de superação. O afastamento nessa fase favorece eventos como as “festinhas” onde aquele que não beber até cair não pertence a tribo, “não causa admiração”, aquele que não der cinqüenta, cem ou mais beijos na boca “não ta com nada”, aquele que não participa de jogos sexuais “paga mico”.
A falta de autoridade, presença e ação paterna e materna condicionam brutalmente crianças e jovens a uma dinâmica em que os jogos de afirmação social estão, na contemporaneidade, como diz a autora referida: “congelando as emoções” e “roubando-lhes a sexualidade”, a descoberta saudável do corpo, de si, da família, de elementos que os humanizarão na descoberta de sua corporeidade.
Crianças e jovens estão aprisionados a uma estrutura de excitação precoce principalmente pela televisão e internet, tendo a força como símbolo de poder, a beleza como compensação mercadológica e o sexo como banalização de seus instintos, impedindo que reconheçam seus corpos de forma serena, natural e segura, onde os canais de sensibilidade, respeitabilidade e afetividade estão se perdendo.
         Aos pais não é positivo desviar os olhos das ações de seus filhos. Nessa fase é importante a atenção plena, com tolerância, amplo processo de negociação, jogos cooperativos e participação da família no mundo da criança, do adolescente, para evitar que a tão almejada liberdade estabeleça como fala a autora citada: “uma prisão causadora, de traumas” impedindo um crescimento saudável do aprendizado sobre o que é afetividade, carinho, ternura e amor.


Por Maria do Horto Machado Camponogara






Professora Maria do Horto Machado Camponogara, Pedagoga, Especialista em Gestão Educacioanal  -

Artigo elaborado com base no texto: “O sexo triste dos jovens” de Lya Luft, para o Curso Educação Sexual para Além dos Tabus, Coordenado pelo Serviço de Saúde Escolar/SMEC Dom Pedrito/RS, em 22 set. 2010, Ministrantes: Psicóloga Deborah Pires Garcia e Enfermeira Fernanda Garcia Pötter.



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